quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Máscara

Vê?
Ninguém está a assistir teu fabuloso teatro!
Porque continuas com toda a encenação?


Então não percebes meu caro transeunte?
Isso não é um teatro. Aqui é a vida real.


Não creio nisso. Eu vejo, e porque vejo, sei.
Isso é um teatro e fim de estória.

E acaso podes me dizer o que o faz pensar que este é apenas um teatro?

Olhe ao redor.
Veja quantas máscaras!


Então é isso??
hahaha
Pobre criança...
Nunca pensou que talvez o que vocÊ veja pode não ser o que é?


Não tentes me confundir Maldita!
Não podes me enganar tão facilmente.


Ah, meu querido,estás tão cego que sinto pena de ti.
Venha, olhe mais de perto.


[o transeunte aproxima-se e com o rosto colado ao dela fica a observá-la por longo tempo]

Não entendo...estes olhos que vejo por trás de tua máscara...


É tão familiar?
hahaha



[o transeunte afasta-se com raiva]

Queres me hipnotizar não é mesmo?
Quer que eu seja parte de tua peça. Mas isso jamais irá acontecer!

[ela se vira e sentando-se em uma cadeira acende calmamente o seu cigarro, dando profundas tragadas e soltando a fumaça lentamente no ar, esta faz desenhos sinuosos e as vezes parece querer formar uma figura, mas logo se dispersa no ar]

Veja esta fumaça meu caro amigo, você é exatamente como ela.
Está aí, quase é alguma coisa, mas no fim, dissolve-se no ar de forma
secreta e quase cortante.

Não acredito em você!

Nunca esperei que acreditasse. E na verdade pouco me importa agora.

Mas...os teus olhos...

Está curioso não é mesmo?
Vou te mostrar um truque então.
Estenda teu braço para a frente.

[ Ela também estende seu braço no mesmo instante e então suas mãos se tocam]

Espere!

O que foi agora?

Não sei se quero realmente ver isso.

Aí é que está a graça de tudo meu amigo.
Você já vê, apenas não enxerga.


Acabemos logo com isso então.

[Ela tira a máscara]

Um espelho!!!
(Legne tiuN)


"Eu, um deus desamparado, vagueio no oceano do Cosmos, com a consciência a latejar. Dentro desta espécie de garrafa, já não importa se rio ou se choro. Escolhi ser máscara, senhores. Máscara mesmo, não importa se trágica ou cômica. Já não receio o nada. Nem a dor: tudo arrisco. E é na condição de máscara que continuarei narrando".
(João Silvério Trevisan)

3 comentários:

  1. Foi uma bela de uma sincronia, esta nossa.

    Maldita lâmina-espelho!

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  2. http://insanemission.blogspot.com/2010/11/eu-era-o-trauma.html

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  3. esse espelho pode estar em uma dimensão de tempo sem alcance real agora porque os seres humanos dependem muito mais das palavras para sentir o que precisam acreditar que sentem e assim vão realizar seus ultimos desejos de acordo com o que lhes é ordenado verbalmente...

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