quinta-feira, 30 de junho de 2011

The Self


“E ao longe o pássaro da noite grita
Voa em direção à escuridão na imensa melancolia
Uma sinfonia triste de saudade, a tristeza da morte que não chega.
Viaja rápido na imensidão sombria em busca de um por quê,
Em busca de descanso eterno entre ramagens e flores mortas...”


Lycantia encostou a cabeça no vidro da janela, olhava pensativa para a rua quase deserta,
Eram 01:30 e ainda não havia se decidido.
Acendeu um cigarro, seu olhar era triste e melancólico, estava frio e seu hálito quente próximo ao vidro o embaçava lentamente enquanto respirava a fumaça do cigarro que tanto odiava, um vício idiota de humanos, mas que sempre a deixava mais calma quando precisava pensar.

Olhou para a figura pálida jogada em sua cama, seus braços pendiam para o lado, parecia um boneco velho de pano, o que faria agora?

Aproximou-se lentamente do corpo, colocou o cigarro dentro de um copo com um resto de vinho e sentou-se ao lado da criatura fria.
Acariciou os cabelos negros daquele corpo sem vida, havia sido um belo brinquedo, mas agora já não tinha mais serventia para ela.

Lycantia caminhou até o banheiro e ligou a água quente, deixou a banheira enchendo enquanto abria o armarinho retirando de lá algumas ervas.

Estava pensativa, o rapaz ali caído havia sido um de seus melhores brinquedinhos.
-Droga!

Lycantia deu um soco no espelho o estilhaçando, sabia que estava apegada demais e isso não era nada bom.
Desligou a água e jogou as ervas recitando algo numa língua muito estranha, a luz fez menção de se apagar, mas manteve-se acesa. A mulher acendeu velas vermelhas em torno da banheira e novamente recitou algo, e neste momento a luz da casa toda se apagou, apenas as velas mantinham-se acesas.

Ela despiu-se e entrou na banheira, seu corpo estava todo imerso na água com as ervas, começou a cantar algo e imediatamente a água se tornou rubra, as ervas pareciam ser absorvidas por sua pele, seu corpo exalava um cheiro de excitação e prazer, ficou ali por alguns minutos, sempre cantando, até que a ultima erva foi absorvida.

Levantou-se e caminhou até a cama, a penumbra deixava o cadáver ainda mais pálido, Lycantia sentou-se sobre o corpo nu e então soprou algo em sua boca, seus corpos pareciam conectados por fios invisíveis, a mulher levantou os braços e chamou aquele a quem pertencia.

Um nome impronunciável, apenas um gemido, um grunhido, o corpo sem vida pareceu sofrer um espasmo, ela gritou mais alto e mais forte, sentiu seu corpo todo ficar eletrizado e uma densa energia fluía para o cadáver, um desejo desenfreado a possuía, o rapaz abriu os olhos e uma luz amarela brilhou nos olhos que se pareciam com o de uma serpente.



Ele sorriu e seus dentes afiados surgiram, agarrou Lycantia pelos braços e a deitou sobre a cama, suas unhas que agora estavam enormes arranhavam a pele delicada da mulher fazendo-a sangrar, ela apenas gemia de prazer.

Ele a possuiu ali mesmo, cheio de prazer e excitação, seus corpos numa troca profunda de energia, ele segurou os braços dela para cima prendendo-os com uma única mão, a outra mão explorava demoradamente seus seios, beijou sua boca e uma língua de serpente brincava com a língua dela, ele a penetrava profunda e intensamente, ela gemia a cada investida dele, estavam no auge quando seus corpos receberam a carga máxima de energia num êxtase supremo de prazer.


Lycantia encostou-se à janela de vidro e olhou para o relógio da igreja do outro lado da praça, 03:15, virou-se para o rapaz que deitado na cama com os braços atrás da cabeça relaxava sem preocupação e disse:

- Esta é a ultima vez que deixo você ficar com o corpo para brincar por aí. Também tenho minhas necessidades e não é justo eu ter que desistir do que me pertence apenas porque você quer.


Ele se levantou, parecia bem mais alto agora, um sorriso sombrio fazia seus olhos de serpente diminuírem, aproximou-se de Lycantia e pegou-a pelo pescoço.

-Você fará exatamente o que eu disser... – sussurrou em seu ouvido enquanto sua língua pontuda percorria o rosto dela.

O medo percorreu todo o corpo da mulher que agora só tinha um pensamento, fugir daquela criatura de uma vez por todas e ser livre, mas sabia que seria impossível, nem morrer ela podia, estava destinada a sofrer eternamente, uma serva de sua própria estupidez ao selar um pacto com aquela terrível criatura sem sentimentos!

(Nuit Engel)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Livrá-me deste túmulo

Em seu corpo posso ver o passado,
As areias do tempo correm em tuas veias
Sinto as presenças ancestrais que emergem de tua pele
Meu sangue ferve ao entrar em contato com tua boca faminta
Nossos olhos estão voltados para mundos estranhos
Presenças sutis de outras esferas
Uma comunhão de prazeres e sensações
Vívidas lembranças do que foi
Minha mão tocando a tua numa explosão de prazeres indescritíveis
Um portal para o infinito
A janela de um outro mundo a ser descoberto
Onde a luz cruel não alcança
Para o eterno sono dos escolhidos
Uma visão de estranhos pássaros negros a velar almas antigas
Na escuridão eterna de nossas almas estreladas
(Nuit Engel)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Tempos idos!


Se você mergulhasse no profundo oceano
E não mais retornasse à superfície
Meu corpo sentiria todas as dores do mundo
Minha alma pulsaria fraca e relutante
Todos os sentidos parecem não fazer efeito agora que
Estamos tão entorpecidos pelas lembranças
A mística lua está opaca e o sol não tem mais calor
Um eclipse forçado nos assola e condena
Dentro de uma escuridão infinita que criamos ao nosso redor
Ai de mim, eu morro!
Tão suave e serena esta sensação de morte
Mil lanças me ferem e torturam e ainda sim é tão delicada
A dor que me atinge
Nossos corações tão desertos e sombrios
Nenhuma esperança restou, estamos congelados no tempo
Num inverno sem fim
Na eterna espera do que não pode ser
No portal da ilusão...


Nuit Engel