Estava acostumada ao silêncio sepulcral daquela casa.
A penumbra em que vivia quase fazia parte de seu corpo, e
gostava do entorpecimento que isto lhe causava.
Ela se dedicava completamente às artes ocultas, e esperava
ansiosa pelo dia do contato.
Naquela manhã tudo parecia diferente, havia um som ensurdecedor
dentro do silêncio, e a penumbra se tornava escuridão rapidamente.
O ar agitado dentro do ambiente criava um vórtex que se
propagava rapidamente.
A energia era intensa e não podia ser controlada.
Sentiu quando as formas rastejantes se aproximaram, serpentes
vermelho fogo e um homem ruivo controlando-as.
Estava alerta, sabia que devia ter cautela, pisava em
terreno perigoso, ela sabia bem quem aquele homem era.
Ele se aproximou e as serpentes também, perguntou-lhe algo,
mas ela disse que não fazia parte daquilo. Então ele lhe deu novas instruções,
mostrou-lhe o caminho e foi embora da mesma forma que chegou.
Ela ficou ali, paralisada, ainda absorvendo aquelas
palavras.
Estava passando por uma transformação energética e sua alma
anoitecia junto com aquela tarde secreta.
(Nuit Engel)